Tem uma música que gosto muito da letra, porém devem ser raras as pessoas que já a ouviram. Sua letra é de extrema profundidade, mas o trecho que “pega fundo” é: “Então/ Senti que o resumo/É de cada um/E todo rumo/Deságua em lugar comum…” (Feito Mistério, Lourenço Baeta e Cacaso).
A perda de um ente querido, é uma dor inigualável à cada indivíduo.
A minha dor, é a minha dor. A dor do outro, é a dor do outro. A minha não é maior ou menor, ela é unicamente minha, bem como a do outro; não há com o quê se comparar, pois o “resumo é de cada um”.
Perder alguém que amamos “deságua em lugar comum”, o sofrimento. No entanto, há o “rumo”, que percorre de maneira diversa, a cada indivíduo. Há aquele que chora, o que se prostra, o que se deprime e não quer acordar no dia seguinte, minando sua saúde física através das emoções reprimidas, o que bebe ou usa outras drogas para esquecer, entre tantas outras expressões da dor, a fuga dela.
A verdade, é que não há palavras, gestos, atitudes que possam arrancar a dor do luto de alguém; é necessário e “feito mistério”, saudável passar por ele. Não dá para varrer para debaixo do tapete ou nas profundezas do “SER”, porque sem se dar conta desse fato, ele retornará com outro paramento, e, quando isso acontecer, anos já terão se passado. O seu “resumo”? Estará como uma publicação de jornal de domingo, dos anos 1990.
Feita esta minha reflexão, ouso e me digno a dizer que:
Sentimos muito pelos entes que perdemos – semana passada, minha Tia linda, pela Longevidade, deixando um grande legado; ontem, o Dr Douglas Baptista, por complicações da Covid 19, um Médico que se dedicou a cuidar e curar tantas pessoas, nesta cidade que escolhi para viver e por tantas outras, no mundo, que perderam suas vidas por motivos semelhantes, ou pela Fome, Guerras, Câncer, Dengue, Ebola, HIV … tantas que não posso elencar – “rumo”.
O importante, é não negarmo-nos de passar pelo luto, por mais difícil que ele seja.
Tupã, 06/08/2020
ELIZETE DA ROCHA MARTINS